Como o desemprego e o rombo fiscal impactam os seus investimentos?

A economia brasileira apresenta dois indicadores cruciais que influenciam diretamente seus investimentos: a taxa de desemprego e o rombo fiscal. Ambos têm efeitos significativos sobre a economia e os mercados financeiros. Vamos entender como esses fatores impactam e o que fazer diante a situação atual do Brasil.

Situação atual do Brasil

Desemprego:

  • Entre fevereiro e abril, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 7,5%, menor que os 8,5% do ano anterior, alcançando o melhor resultado para este trimestre desde 2014. Atualmente, existem 8,2 milhões de desempregados no país.

Rombo Fiscal:

  • O déficit fiscal acumulado nos últimos 12 meses alcançou R$ 1,043 trilhão, o maior da série histórica desde 2002.

Impacto do desemprego nos investimentos

Quando a taxa de desemprego está baixa, mais pessoas estão empregadas, o que significa maior poder de compra e aumento na demanda por bens e serviços. Diante a esse cenário, setores diretamente ligados ao consumo doméstico, como varejo, alimentação, entretenimento e serviços, tendem a se beneficiar.

Para investidores, essa dinâmica sugere que:

Títulos atrelados ao IPCA:

  • Em períodos de desemprego baixo, a inflação tende a subir, favorecendo investimentos atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que podem oferecer retornos mais expressivos.

Renda fixa:

  • Durante altas taxas de desemprego, a inflação cai, o que pode resultar em menores retornos para títulos de renda fixa.

Ações:

  • Empresas focadas no mercado doméstico, como varejistas, tendem a ter melhores desempenhos com o aumento do emprego. Além disso, empresas exportadoras, como as do setor de commodities, são menos afetadas pelo desemprego doméstico, pois sua receita depende mais do mercado externo. No entanto, uma economia doméstica forte pode indiretamente beneficiar essas empresas através de uma moeda mais valorizada e condições de operação mais estáveis.

Impacto do rombo fiscal nos investimentos

O rombo fiscal, ou déficit fiscal, é a diferença entre as receitas e despesas do setor público. Quando o governo gasta mais do que arrecada, precisa buscar recursos adicionais para cobrir essa diferença, o que pode ter diversos efeitos negativos na economia e, consequentemente, nos investimentos.

Fuga de capital:

  • Uma alta dívida pública tende a gerar insegurança nos investidores, o que resulta nos investidores retirando os seus recursos do país em busca de mercados mais estáveis.

Redução de investimentos e estagnação econômica:

  • Aumento do déficit fiscal pode reduzir os investimentos internos, pois os empresários ficam avessos ao risco. Com menos investimentos, há menos produção, menos geração de empregos e menor crescimento econômico.

Aumento da taxa de juros e inflação:

  • Para cobrir o déficit, o governo pode recorrer à emissão de moeda, o que aumenta a oferta de dinheiro na economia e pressiona os preços para cima, elevando a inflação. Além disso, para atrair investidores e financiar o déficit, o governo pode ter que aumentar as taxas de juros, tornando os títulos de dívida mais atraentes. Já o aumento dos juros impacta o crescimento econômico, por encarecer o custo de financiamento para empresas e consumidores.

Para os investidores, isso significa:

Renda fixa:

  • Se os juros subirem, títulos atrelados à taxa Selic podem se tornar mais atraentes.

Ações:

  • A redução no apetite por risco dos investidores e fuga de capital, impacta negativamente a Bolsa de Valores. Setores que dependem do mercado interno, como varejistas e prestadores de serviços, tendem a sofrer com a diminuição do consumo e baixo crescimento econômico. Já as empresas exportadoras, são menos impactadas diretamente pelo déficit fiscal, dado que suas receitas são influenciadas mais pelo mercado externo. Mas, é importante ressaltar que a desvalorização cambial e a inflação podem afetar seus custos operacionais e margens de lucro.

O impacto diante ao cenário atual do Brasil

O Brasil está enfrentando um desemprego relativamente alto e desafios fiscais significativos, que podem afetar negativamente o ambiente de investimentos.

Como está o cenário dos investimentos? A última temporada de resultados das companhias foi positiva, mas não o suficiente para sustentar o Ibovespa, que encerrou o mês em queda. Isso, devido a ruídos políticos (como a mudança no comando da Petrobrás) e incertezas fiscais.  

No mês passado, tivemos uma redução na taxa Selic para 10,50% ao ano, apesar disso, ela se mantém em patamares elevados por mais tempo do que era previsto e as projeções são de finalizar o ano em 10,25%.

Na renda fixa no Brasil, o cenário está positivo. Diante ao aumento das incertezas no cenário global e doméstico, as taxas da maior parte dos títulos aumentaram.

Na Bolsa brasileira, o cenário já está um pouco mais nublado. A perspectiva de juros altos por mais tempo e as incertezas domésticas e globais, criam um ambiente desafiador para as companhias. Principalmente, para as empresas cíclicas (aquelas que atuam em setores que refletem de maneira mais clara o “sobe” e “desce” da economia).

Nesse cenário é importante encontrar empresas sólidas, com boas perspectivas de crescimentos, boas pagadoras de dividendos e um perfil um pouco mais defensivo. Outro fator relevante é que estamos em um momento de boas oportunidades, tendo em vista que a Bolsa está barata com relação ao seu histórico e pares emergentes.

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