Guia de dividendos: tudo o que você precisa saber

Quando o assunto é garantir uma renda passiva, os dividendos são os mais procurados. Investidores de todo o mundo são fãs de estratégias de dividendos justamente pelo seu potencial de proporcionar uma renda constante e um crescimento de patrimônio a longo prazo. No entanto, para que você consiga aplicar uma estratégia que funcione é necessário saber exatamente o que está fazendo. 

Neste post, vamos te apresentar um guia completo sobre como navegar pelo mundo dos dividendos. Desde os conceitos básicos até um passo a passo de como construir uma carteira focada em dividendos, você aprenderá a criar um portfólio que não apenas se valoriza ao longo do tempo, mas também gera uma renda passiva sustentável.

O que são Dividendos?

Dividendos são uma parcela do lucro líquido que as empresas e fundos imobiliários distribuem aos seus acionistas como forma de remuneração. Eles podem ser vistos como uma maneira de as empresas recompensarem aqueles que investiram nelas, premiando a fidelidade e o capital dos acionistas.

A quantia de dividendos recebida por cada investidor é proporcional ao número de ações ou cotas que possui. Assim, quanto mais dinheiro estiver investido em uma empresa ou fundo imobiliário, maior será o retorno financeiro em dividendos.

A distribuição de dividendos pode ocorrer em diferentes periodicidades – mensal, trimestral, semestral ou anual – sendo a definição sobre como e quando os dividendos serão pagos a critério da empresa, baseando-se em sua política de distribuição de lucros.

Os dividendos são considerados uma ferramenta poderosa para a construção de patrimônio. Isso porque podem ser reinvestidos na compra de mais ações, fazendo com que o acionista receba cada vez mais dividendos conforme o passar do tempo.

Outros tipos de remuneração

Dentro do universo dos investimentos, é importante saber que, além dos dividendos, existem outras formas pelas quais as empresas podem remunerar seus acionistas, cada uma delas com suas próprias características.

  • Juros sobre Capital Próprio (JCP): forma de distribuição dos lucros similar aos dividendos, mas com um tratamento fiscal diferenciado. Enquanto os dividendos são isentos de imposto de renda para o investidor pessoa física, os JCP estão sujeitos à tributação na fonte. 
  • Bonificações: representam a distribuição gratuita de novas ações para os acionistas, na proporção do valor que possuem investido na empresa. 
  • Direitos de Subscrição: trata-se da preferência dos acionistas para adquirir novas ações da empresa, a um preço definido e por um período específico. Ele permite aos acionistas manterem sua porcentagem de participação em uma empresa diante de uma nova emissão de ações.
  • Dividendo Especial Extraordinário: são dividendos não regulares e que fazem parte de eventos específicos e não recorrentes, em situações como a venda de um ativo muito valioso ou lucros que foram melhores que a previsão normal da empresa. Esse pagamento é diferente dos pagamentos regulares que algumas empresas fazem, chamados de dividendos ordinários, que são dados de maneira mais previsível e seguindo uma política já estabelecida. Os dividendos especiais são pontuais e refletem circunstâncias extraordinárias.

Como saber o quanto em dividendos vou receber?

A quantia de dividendos que um acionista irá receber depende de duas coisas:

  • Número de ações;
  • Tipo de ações, se são preferenciais (final 4; PETR4) ou ordinárias (final 3; PETR3);

Por exemplo, se você possui 300 ações de uma empresa e ela anuncia um dividendo de R$3,00 por ação, você receberá R$900 em total (300 ações x R$3,00). 

Datas importantes

Saber décor a linha do tempo específica associada à distribuição de dividendos da empresa, não deve ser a maior das suas preocupações. Porém, estar familiarizado é importante para que você tenha um entendimento prático deles.

Data de Declaração:

É o dia do anuncio oficial dos dividendos que serão pagos. Nessa data a empresa informa todos os detalhes necessários para que o acionista entenda o quanto e quando vai receber, além de como os pagamentos serão realizados.

Data de Registro ou Data Com:

Para receber o dividendo, você precisa ser um acionista registrado da empresa nesta data. Basicamente, é o dia em que a empresa olha uma lista de quem possui suas ações para decidir quem vai receber o dividendo.

Data Ex:

Para ter direito aos dividendos anunciados, você precisa deter as ações da empresa antes da Data Ex. Se você comprar ações na Data Ex ou após, você não terá direito aos dividendos dessa rodada.

Data de Pagamento:

Momento em que o dinheiro efetivamente cai na conta dos investidores identificados na Data de Registro. 

Onde consigo ver essas datas?

Existem diversas formas de você acessar essas informações:

A primeira delas é através do site de Relações com o Investidor da própria empresa. Essas páginas servem para para fornecer informações relevantes para acionistas, representantes e outros participantes do mercado de capitais. Para encontrar basta pesquisar no seu navegador “nome da empresa RI” que já irá aparecer. Por exemplo: Petrobras RI.

Algumas corretoras também costumam oferecer uma aba dentro do seu aplicativo e/ou site onde você consegue verificar essas informações, mas essa visualização irá variar de caso para caso.

A forma que julgamos mais fácil é pesquisando “agenda de dividendos” no seu navegador. Essa busca resultará em uma lista de sites que disponibilizam dados acerca das empresas que anunciaram sua distribuição de dividendos.

Indicadores

Dividend Yield (D.Y):

Em termos simples, indica o quanto você ganha em dividendos por cada real investido em uma ação da empresa. Por exemplo, se o dividend yield de uma ação for de 5%, significa que você recebe 5 centavos para cada real investido.

Fórmula: (Dividendos anuais por ação / Preço da ação) x 100

Payout:

Refere-se à porcentagem do lucro da empresa que é distribuída a forma de dividendos. Por exemplo, se uma empresa tem um payout de 50%, isso significa que ela paga 50% de seus lucros aos acionistas como dividendos e retém os outros 50% para reinvestimento.

Fórmula: (Dividendos / Lucro líquido) x 100

Índice de Cobertura de Dividendos (ICJ):

Fornece uma visão sobre quão sustentáveis são os dividendos. Em geral, um ICJ maior que  sugere que a empresa tem lucro suficiente para cobrir seus dividendos (maior segurança); por outro lado, um índice abaixo de 1 pode sinalizar que os dividendos correm risco de serem reduzidos ou suspensos, pois a empresa pode não estar gerando lucro suficiente para atender a essa distribuição.

Fórmula: Lucro líquido / Dividendos

CAGR Dividendos:

Calcula a taxa de crescimento anual dos dividendos. Basicamente, avalia o aumento dos dividendos ao longo dos anos.

Fórmula: (Valor final Dividendos/ Valor inicial Dividendos) ^ (1 / Número de anos) – 1

E as empresas que não pagam dividendos?

Se uma empresa não gera lucro, consequentemente, não haverá dividendos a serem distribuídos. Para se proteger de períodos sem lucratividade, algumas companhias optam por formar reservas de lucro, que funcionam como um caixa, garantindo uma distribuição de dividendos mais estável ao longo do tempo.

No contexto dos fundos imobiliários, a lógica é semelhante, porém, a lei brasileira exige que estes fundos distribuam pelo menos 95% de seus lucros semestrais aos cotistas, a fim de assegurar uma remuneração atraente.

Para as ações, o que determinará a porção mínima dos lucros que devem ser distribuídos é o estatuto social da própria empresa. Por via de regra, a maioria delas adota um percentual mínimo de 25%, mas existem outras que adotam percentuais menores ou maiores, e não há um limite mínimo exato estabelecido por lei. Isso torna as empresas brasileiras muito atraentes, pois em diversos mercados, como nos Estados Unidos, as companhias podem escolher não distribuir um centavo sequer em dividendos, se assim decidirem.

As Small Caps

Frequentemente, as companhias consideradas “small caps” (empresas menores e com maiores chances de rápido crescimento) optam por não pagar dividendos, priorizando reinvestir o lucro gerado em suas próprias operações. Isso porque, nesse contexto, reinvestir os lucros pode acelerar seu crescimento, aumentando a competitividade e a participação no mercado. E o retorno desse investimento, embora possa levar algum tempo, é esperado ser maior do que o benefício gerado pelos dividendos que seriam pagos. 

Além disso, a fim de sustentar seu crescimento, essas empresas precisam de capital para financiar expansões, melhorar infraestruturas, investir em pesquisa ou até mesmo adquirir outras empresas. Reinvestir os lucros faz com que essas companhias não precisem tomar empréstimos com bancos, que podem ser caros.

Cuidado com dividendos muito elevados!

De modo geral, os investidores tendem a preferir ações que pagam dividendos bastante elevados (Dividend Yield alto). No entanto, essa estratégia pode apresentar riscos significativos, especialmente nos casos em que esses dividendos são:

  • Extraordinários (resultado de circunstâncias que dificilmente se repetirão no futuro)
  • Pagos pelo caixa da empresa, e não pelo lucro, o que torna os pagamentos insustentáveis no longo prazo
  • Ou pior, nos casos em que as empresas se endividam para financiar seus dividendos.

Assim, uma pergunta fundamental que o investidor deve fazer é: a empresa que estou investindo tem capacidade suficiente para manter, de forma consistente e sem comprometer sua saúde financeira, o pagamento dos dividendos atuais nos próximos anos?

Avaliar indicadores de dividendos de maneira isolada pode levar a escolhas arriscadas. Por isso, uma análise criteriosa é fundamental para evitar armadilhas e garantir um investimento mais seguro e rentável a longo prazo.

Imposto de renda sobre dividendos e JCP

  • Dividendos: estes não são tributados, mas ainda devem ser reportados à Receita Federal. Isso é feito na seção “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis” do programa de declaração, utilizando-se o código 09 (“Lucros e dividendos recebidos”) para detalhar os valores recebidos de todas as empresas em que se possui participação.
  • JCP: diferentemente dos dividendos, os Juros sobre Capital Próprio são tributáveis. Para declará-los, o investidor deve acessar a seção “Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva”, listar os valores recebidos como JCP e utilizar o código 10 (“Juros sobre capital próprio”). Essa diferenciação é crucial, pois reflete o tratamento fiscal distinto aplicado a essas duas formas de rendimento.

Como montar uma carteira de dividendos? 

Montar uma carteira eficiente de dividendos requer uma série de passos cuidadosos, buscando escolher as melhores ações para investir e gerar uma renda passiva sustentável. Listamos aqui as etapas fundamentais para criar uma carteira de dividendos robusta:

Passo 1: Análise detalhada da empresa

É essencial analisar minuciosamente a companhia que você irá se tornar sócio. Trata-se de analisar não apenas o dividend yield de maneira isolada, mas também a saúde financeira e as perspectivas de longo prazo da empresa.

Passo 2: histórico de pagamentos

O histórico de pagamento de dividendos em uma janela de tempo considerável, como três, cinco ou dez anos, é um indicador crucial da consistência da empresa em premiar seus acionistas. Empresas que oscilam muito em seus pagamentos podem não ser as melhores escolhas para uma carteira focada em dividendos.

Passo 3: datas de pagamento

Estar ciente das datas de pagamento dos dividendos é importante para planejar seus investimentos e garantir um fluxo contínuo de renda, alinhando suas necessidades financeiras com os recebimentos dos proventos.

Passo 4: planejamento de longo prazo

Flutuações de curto prazo no mercado não devem ser sua maior preocupação. Na verdade, o foco deve estar na acumulação constante de renda passiva ao longo do tempo.

Passo 5: diversificação inteligente

Diversificar sua carteira é essencial, mas isso deve ser feito com planejamento. Um estudo completo e aprofundado sobre cada escolha de ativos, equilibrando os perfis de cada investimento, é importantíssimo para mitigar o risco específico de cada papel.

Passo 6: prefira empresas consolidadas

Busque por empresas com forte geração de caixa. Essas companhias, por já terem desenvolvido seus processos e mercados, geralmente não precisam de grandes investimentos internos contínuos, o que as torna boas pagadoras de dividendos. 

Passo 7: reinvestir os proventos

O reinvestimento dos dividendos é um passo decisivo para acelerar o crescimento do seu patrimônio e, eventualmente, viver de renda. Essa prática cria um ciclo de enriquecimento contínuo, pois seus investimentos geram mais dividendos, que, por sua vez, são reinvestidos em ainda mais ações.

Passo 8: facilite todo esse processo usando o Drops da Bolsa

Na plataforma do Drops, você consegue verificar qual a pontuação da empresa na categoria de dividendos. Ou seja, ao abrir o perfil da ação, você encontrará uma nota de 0 a 10, que vai te dizer se aquela companhia realmente é uma boa pagadora de dividendos.

Além disso, na aba indicadores você consegue verificar qual o D.Y. e Payout da companhia, se ele cresceu ou diminuiu nos últimos 12 meses e se está maior que a média do setor. Conforme as imagens abaixo:

Print de tela aba de indicadores de dividendos Drops da Bolsa,l perfil de Petrobras (PETR4)

Quais as maiores pagadoras de dividendos do Brasil?

A capacidade das empresas de pagar dividendos, bem como a frequência e o volume desses pagamentos, podem variar significativamente entre diferentes companhias e setores da economia. Enquanto algumas empresas são conhecidas por serem pagadoras consistentes, outras podem distribuir proventos de maneira esporádica, influenciadas por desempenhos e acontecimentos específicos em um determinado período.

Existem segmentos de mercado que tradicionalmente apresentam uma maior constância no pagamento de dividendos, são eles:

  • Energia elétrica
  • Saneamento
  • Telecomunicações
  • Bancos
  • Seguradoras

As empresas que atuam nesses setores oferecem serviços essenciais e perenes, de demanda contínua e contratos de longo prazo na maior parte das vezes, independentemente das condições econômicas vigentes. Isso resulta em um fluxo de caixa mais estável e previsível, permitindo que haja uma política de dividendos mais regular e confiável.

Aqui estão as 10 melhores pagadoras de dividendos da Bolsa brasileira:

Lista com as 10 ações que pagam os melhores dividendos.
10 melhores pagadoras de dividendos segundo o ranking do Drops da Bolsa. Fonte: https://dropsdabolsa.com.br/ranking/. Acesso em: 27/03/2024.

Dividendos: resgatar ou reinvestir?

O reinvestimento de dividendos é uma estratégia poderosa para acelerar a construção do patrimônio e potencializar os ganhos de longo prazo no mercado de ações. Essa prática consiste em utilizar os dividendos recebidos para comprar mais ações da empresa ou de outras empresas.

Resgatar:

Optar por resgatar os seus dividendos não é errado, afinal as vezes precisamos utilizar esses valores para pagar algumas despesas. Mas, é importante ter consciência que ao escolher gastar seus dividendos ao invés vez de reinvesti-los você estará perdendo a oportunidade de acelerar o crescimento de seu patrimônio. Sendo assim, seria mais interessante você separar mensalmente uma parte desses ganhos para comprar mais cotas e receber cada vez mais dividendos.

Reinvestir:

Por outro lado, quando um investidor opta por reinvestir seus dividendos, ele utiliza o valor recebido de seus dividendos para comprar mais ações. Consequentemente, em futuras distribuições de dividendos, ele receberá um valor maior, já que os dividendos são pagos por cada ação que ele detém. O que se observa é que, ao longo dos anos, o patrimônio do investidor que reinvestiu os dividendos se torna significativamente maior do que aquele que não o fez. Portanto, se o investidor puder reinvestir os dividendos para adquirir mais ações, ele terá um patrimônio que crescerá com maior velocidade ao longo do tempo.

É possível viver de renda com dividendos?

Sim, viver de renda gerada por dividendos é um objetivo alcançável, mas que exige planejamento, estudo e disciplina. Alcançar a independência financeira através dos dividendos depende de vários fatores, como gasto mensal, tamanho do valor investido e capacidade de escolher os melhores ativos.

1. Renda mensal desejada

Primeiramente, é importante determinar quanto dinheiro você precisa receber mensalmente para cobrir suas despesas, e isso varia de pessoa para pessoa. Após definido este valor, é necessário avaliar quanto dinheiro há disponível para investimento ou está investido. Então, é só verificar se, com base na média de distribuição de dividendos, os ativos escolhidos são capazes de gerar uma renda que cobre suas despesas mensais.

Por exemplo, o fundo MXRF11, está cotado a R$ 10,48 e o seu último rendimento foi de 10 centavos por ação. Olhando para o histórico de distribuição é possível perceber que o fundo mantém um certo padrão pagando entre 10 e 12 centavos por ação. Para fins de cálculo utilizaremos o valor do último rendimento.

Logo, se você tem um gasto mensal de digamos 3 mil reais. Precisaria de 30 mil cotas de MXRF11 para conseguir esses 3 mil em dividendos. Assim, 30 mil cotas x 10,48 = R$ 314.400.

Você precisaria ter 314 mil reais investidos.

2. Diversificação

Significa não “colocar todos os ovos na mesma cesta”. Escolha de empresas de diferentes setores econômicos e tamanhos.

3. Saber no que está investindo

Não vá de olhos fechados atrás de recomendações de gurus de investimentos ou daquele seu “amigo sabe tudo”. Conheça bem cada uma das empresas e os produtos de investimento escolhidos. Isso implica em realizar uma análise detalhada das perspectivas de cada ativo, sua saúde financeira e consistência no pagamento de proventos. 

Conclusão

Além de servirem como um indicativo da saúde financeira e do comprometimento das companhias com seus investidores, os dividendos oferecem uma estratégia eficaz para a construção de patrimônio e geração de renda passiva a longo prazo.

A seleção cuidadosa de ações de empresas sólidas, com um histórico consistente de pagamentos de dividendos, é essencial para o sucesso dessa estratégia. Isso implica em uma análise minuciosa e uma diversificação estratégica, a fim de melhorar performance e mitigar riscos.

O reinvestimento dos dividendos é uma prática indispensável para aqueles que buscam acelerar o crescimento do seu patrimônio, potencializando os retornos ao longo do tempo. Assim, viver de renda através dos dividendos é uma meta alcançável, que exige planejamento, disciplina e uma abordagem estratégica do investimento. 

Colocar em prática todos essas etapas é algo difícil e demorado, por isso o Drops desenvolveu ferramentas que vão facilitar esse processo para você. Seja você um expert ou um investidor iniciante, as nossas notas vão te ajudar a entender com rapidez se aquela ação é sólida tanto nos fundamentos quanto nos dividendos.

Acesse: www.dropsdabolsa.com.br e teste agora!

Compartilhe o conteúdo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *