Inconsistência Contábil: como previmos o caso Magalu (MGLU3) e Americanas (AMER3)?

É possível que essa triste história que ocorreu no início do ano com a Americanas e que ontem (13), de maneira mais branda até o momento, com Magalu, pudesse ter sido evitada, protegendo os investidores de altos prejuízos financeiros. 

Após o escândalo de Americanas, o Drops desenvolveu um indicador que objetiva identificar empresas com potencial de manipulação contábil, o Partnr Accounting Risk Ratio. Ele não apenas identificou as inconsistências presentes na Americanas, como também na Magalu. Hoje, vamos te explicar o que aconteceu com a Magazine Luiza e como você pode utilizar o nosso indicador para identificar potenciais manipuladoras e evitar prejuízos futuros.

O que está acontecendo com a Magalu?

Ontem (13/11) a Magazine Luiza (MGLU3) divulgou seus resultados do terceiro trimestre de 2023 (3T23), junto dele publicou um fato relevante gerando impacto nos mercados e levantando preocupações sobre a governança da empresa.

Fato relevante divulgado pela Magalu dia 13/11/2023
Fato relevante (FR) publicado pela Magazine Luiza na noite do dia 13/11/2023. Fonte: *Download.aspx (magazineluiza.com.br)

A companhia, que enfrentou uma denúncia anônima em março de 2023 relacionada a práticas comerciais com fornecedores, conduziu uma investigação interna em parceria com o Comitê de Auditoria e Compliance (CARC), TozziniFreire Advogados e PricewaterhouseCoopers (PwC).

Embora a investigação tenha concluído que as denúncias eram infundadas, foram identificadas imprecisões nos registros contábeis relacionados ao reconhecimento de bonificações em transações comerciais específicas. Em resposta, o Conselho de Administração ordenou correções nos registros, resultando em uma redução de R$ 830 milhões no patrimônio líquido da empresa até junho de 2023, sem impactar o fluxo de caixa e líquido de impostos.

A Magazine Luiza reconheceu que, em alguns casos, havia reconhecido receitas de bonificação antes do cumprimento das metas acordadas, impactando o lucro bruto e líquido. Além disso, a empresa ajustou o EBITDA de 2022 para refletir a correção dos lançamentos contábeis, resultando em uma redução de 18% em relação ao valor originalmente informado.

O mercado reagiu rapidamente, com as ações da empresa registrando uma queda de 8,09%. O impacto total no patrimônio líquido foi de R$ 322 milhões, representando 8,3% do total.

Adicionalmente, a Magazine Luiza reconheceu créditos fiscais de PIS/COFINS no valor de R$ 688,7 milhões Os quais, foram impulsionados por uma decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determinou a não incidência desses tributos sobre bonificações recebidas de fornecedores. Esses créditos foram incluídos no balanço do 3T23, compensando parcialmente o impacto nos resultados financeiros.

A empresa destacou que está tomando medidas para aprimorar seus controles internos. O mercado agora monitora de perto as repercussões dessas revelações e como a Magazine Luiza planeja reforçar sua integridade contábil e governança corporativa no futuro.

Casos Americanas e Magalu

No início do ano, o principal assunto econômico no Brasil foi o caso da Americanas (AMER3). Resumidamente, foram encontradas “inconsistências contábeis” no valor de 20 bilhões de reais nos balanços da empresa, o que causou a renúncia de seu CEO, Sergio Rial. Posteriormente, foi determinado que a dívida da Americanas é na verdade de aproximadamente 43 bilhões de reais e que ela se deu por meio de uma operação bastante comum no varejo, chamada de “risco sacado”. A Americanas não reportava essa prática devidamente em seu balanço, o que acabou distorcendo o grau de endividamento da companhia. Após encontrada e divulgada a fraude contábil, as ações da AMER caíram mais de 93% e o pedido de recuperação judicial da companhia foi acatado.

Já no caso recente de Magalu, a companhia emitiu um fato relevante no qual dizia que ela teve que reapresentar todas as suas contas, desde o início de 2022 até o segundo trimestre de 2023, após uma denúncia anônima apresentada em março, a qual identificou erros contábeis no valor de 830 milhões de reais. Basicamente, os erros encontrados tratavam-se de lançamentos antecipados de bonificações antes do cumprimento das obrigações de desempenho, contrariando o CPC 47.

O Radar de Inconsistências Contábeis

Atualmente, existem indicadores que podem ser utilizados como ferramentas na detecção dos indícios de manipulação contábil. Mas, aplicá-los não é tarefa fácil, por isso o Drops combinou dois renomados indicadores estrangeiros, o Beneish M-Score e o Montier C-Score, e criou um indicador próprio, o Partnr Accounting Risk Ratio (Radar de Inconsistências Contábeis).

O Beneish M-Score leva em consideração oito pontos relevantes que supõem a tentativa de fraude de resultados. Já o Montier C-Score, considera seis pontos a serem observados que também podem indicar manipulação.

Em seu documento original, o Beneish apresentou uma assertividade próxima a 80% em indicar empresas fraudulentas. No caso do Montier as empresas com score alto tiveram um desempenho 8% inferior ao do mercado anualmente. 

Saiba mais sobre a nossa metodologia clicando aqui: Partnr-Accounting-Risk-Ratio-Artigo-completo.pdf

Como identificamos o caso Americanas e Magalu?

Aplicamos o Accounting Risk Rating no mercado brasileiro, com o objetivo de verificar quais das mais de 400 empresas atualmente listadas na bolsa de valores passariam no filtro do Score e se mostrariam não manipuladoras. 

Veja abaixo parte dos resultados encontrados:

Tabela com informações das emrpesas pegas no radar de fraudes, da posição 15° até a 30°
Tabela de empresas listadas na Bolsa brasileira flagradas pelo Radar de Fraudes do Drops, incluindo companhias da posição 15° até a 30°

O Radar foi capaz de flagrar a Americanas (16°) como uma forte candidata a estar maquiando seus resultados, fato comprovado posteriormente com todo o escândalo que abalou a empresa.

Além disso, a Magalu (18°) vinha sendo apontada como forte concorrente no quesito de inconsistências contábeis, como veio se confirmar ontem ao fechamento do mercado. 

Radar de inconsistências contábeis, alerta de inconsistências contábeis em Magalu (MGLU3)
Radar de inconsistências contábeis, altos índicios de inconsistências contábeis em Magalu (MGLU3)

E não são apenas essas, existem outras diversas empresas flagradas pelo nosso indicador, para conferir basta acessar o artigo: Partnr-Accounting-Risk-Ratio-Artigo-completo.pdf

O indicador também está disponível em nossa plataforma de forma gratuita para você acessar: Drops (dropsdabolsa.com.br)

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